1976; 1998 Jack Nicholson
Jack Nicholson: o grande sedutor louco do cinema americano faz 85 anos
Apesar de ter colocado um ponto final na carreira em 2010, o vencedor de três Óscares não perdeu o seu estatuto mítico.
Esta sexta-feira, Jack Nicholson festeja 85 anos com a sua popularidade intacta, apesar de não trabalhar como actor desde 2010 e manter-se afastado dos olhares do grande público, excepto quando está na primeira fila do Staples Center para assistir os jogos da sua amada equipa de basquetebol dos Los Angeles Lakers.
Nascido a 22 e Abril de 1937 como John Joseph Nicholson, pode dizer-se que a sua existência como Jack Nicholson estava determinada desde o início: só aos 38 anos já como uma grande estrela de cinema é que descobriu que os “pais” John e Ethel que o tinham criado eram, na verdade, os seus avós, e a “irmã” June Frances era a sua mãe. Nessa altura, tanto a sua mãe como a sua avó já tinham falecido.
Assim sendo, nunca soube quem era o seu pai, dizendo que “apenas Ethel e June sabiam, e nunca contaram a ninguém”. Escolheu não fazer um teste de ADN, mas entre os principais “suspeitos” estavam Donald Furcillo, que garantia ser o progenitor e cometeu bigamia ao casar-se com June, e o empresário dela, Eddie King.
Na sua vida pessoal adulta, Nicholson também foi famoso por ser incapaz de “sossegar”: sabe-se que tem seis filhos com três diferentes mães, apesar de se ter casado apenas uma vez (com a actriz Sandra Knight) e ter estado romanticamente ligado a várias actrizes e modelos ao longo das décadas. Com infidelidades pelo meio, o relacionamento mais longo, 17 anos, foi com actriz Anjelica Huston, filha do lendário realizador John Huston.
Os primeiros passos na carreira como actor, argumentista e produtor começaram pela mão do lendário cineasta e produtor de “série B” Roger Corman, incluindo a estreia no grande ecrã com “The Cry Baby Killer em 1958, onde fazia de delinquente juvenil que entrava em pânico após disparar em dois adolescentes, e “A Loja dos Horrores” (1960), onde tinha um pequeno papel como um paciente masoquista num dentista.
Pelos filmes de Corman continuou até que o seu trabalho no argumento de “Os Hippies” (1967), protagonizado por Peter Fonda e Dennis Hopper, levou-o ao seu primeiro sucesso, quando a dupla o chamou para “Easy Rider” (1969). O papel do advogado alcoólico George Hanson valeu-lhe a nomeação para os Óscares, como secundário, e no ano a seguir voltou a entrar na corrida às estatuetas, já como Melhor Actor, com “Destinos Opostos” (1970), que incluía o seu famoso diálogo com uma salada de frango sobre obter o que se quer.
A carreira estava definitivamente lançada para uma década de glória com alguns dos seus melhores filmes e colaborações com realizadores célebres, como “Iniciação Carnal”, de Mike Nichols (1971), seguindo-se a terceira e quarta nomeações para os Óscares com “O Último Dever”, de Hal Ashby (1973), e “Chinatown”, de Roman Polanski (1974), antes de ganhar com a interpretação R.P. McMurphy em “Voando Sobre Um Ninho de Cucos”, de Milos Forman (1975), uma grande contribuição para a tal imagem de louco extravagante e sedutor.
Houve ainda “Uma Fortuna por Água Abaixo”, de Mike Nichols (1975), “Profissão: Repórter”, de Michelangelo Antonioni (1975), “Duelo no Missouri”, de Arthur Penn (1976), onde encontrou o seu ídolo Marlon Brando, e “O Grande Magnata”, de Elia Kazan (1977), antes de se surgir à frente e atrás das câmaras em “A Caminho do Sul” (1978), o segundo filme como realizador após “Relações Cruzadas” (1971).
Os anos 1980 abriram com o papel indissociável e de outro louco, Jack Torrance, em “Shining”, de Stanley Kubrick (1980). Seguiram-se trabalhos marcantes em “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes”, de Bob Rafelson (1981), e a interpretação de Eugene O’Neill em “Reds”, de Warren Beatty (1981), que foi a sexta nomeação para os Óscares, como secundário, antes de ganhar nessa categoria com “Laços de Ternura”, de James L. Brooks (1983).
Sem nada a provar, continuou em alta no resto da década, umas vezes mais como actor, em “A Honra dos Padrinhos” (John Huston, 1985, outra nomeação para os Óscares); “A Difícil Arte de Amar” (Mike Nichols, 1986); “Estranhos na Mesma Cidade” (Hector Babenco, 1987, nova nomeação), outras vezes a puxar pelo estatuto de estrela e a fazer-se pagar bem por isso, como em “As Bruxas de Eastwick” (George Miller, 1987), “Edição Especial (James L. Brooks, 1987) e principalmente “Batman” (1989), o seminal filme de super-heróis de Tim Burton, com um papel à sua medida como o vilão psicótico Joker, um êxito internacional fenomenal onde exigiu e conseguiu uma percentagem dos lucros que acabou por lhe valer cerca de 60 milhões de dólares (actualmente, o equivalente a cerca de 132 milhões de dólares).
Nicholson regressou como actor e realizador com “O Caso da Mulher Infiel” (1990), uma sequela de “Chinatown”, um fracasso que o fez continuar a partir daí apenas como actor e o impacto notou-se logo no papel do impetuoso coronel Nathan R. Jessep em “Uma Questão de Honra”, de Rob Reiner (1992), um filme sombrio sobre um assassinato numa base dos fuzileiros navais: quatro cenas em dez dias de trabalho (mais uma manhã de “graça” por Reiner não ter conseguido tudo o que precisava) em que o estúdio pagou 5 milhões de dólares (“Foi uma das poucas vezes em que foi dinheiro bem gasto”, diria mais tarde), outra nomeação para o Óscar de Actor Secundário (a 10.ª ao todo) e a deixar para a história a célebre frase “You can’t handle the truth!” [“você não pode lidar com a verdade!”], que se tornou amplamente conhecida e imitada, entrando na cultura popular.
“Hoffa – O Preço do Poder” (1992), “Lobo” (1994), “Acerto Final” (1995), “Sangue e Vinha” (1996) e o delirante “Marte Ataca!” (1996), um reencontro com Tim Burton, antecederam o terceiro e último Óscar na carreira, como Melhor Actor, pelo papel do neurótico Melvin Udall no romântico “Melhor É Impossível”, num reencontro com o realizador James L. Brooks.
Foi só em 2001 que regressou para “A Promessa”, às ordens de Sean Penn, antes de fazer “As Confissões de Schmidt”, de Alexander Payne (2002): o vendedor de seguros aposentado de Omaha, Nebraska, que questionava a própria vida e a morte da sua mulher pouco depois, surpreendeu Hollywood e os fãs pela impressionante transformação emocional que contrastava com muitos dos seus papéis anteriores. Foi a 12.ª e derradeira nomeação para os Óscares.
Sempre com talento, mas num registo “Jack Nicholson”, foi um terapeuta agressivo que devia ajudar o pacifista Adam Sandler em “Terapia de Choque” (2003) e um playboy envelhecido que se apaixonava pela mãe da sua jovem namorada em “Alguém Tem que Ceder” (2003), antes de regressar à sua forma vilanesca como o implacável chefe da máfia irlandesa em “The Departed – Entre Inimigos”, de Martin Scorsese (2006).
Seguiram-se os dois últimos filmes que nada acrescentaram: “Nunca é Tarde Demais”, de Rob Reiner (2007), onde encontrava Morgan Freeman, e “Tens a Certeza?”, um reencontro com James L. Brooks para um papel secundário com um cachet de 12 milhões de dólares, mas nem ele nem Reese Witherspoon, Owen Wilson e Paul Rudd conseguiram salvar a comédia romântica de ser um grande fracasso de bilheteira e artístico.
Jack Nicholson parou e apesar de ter sido noticiado há cinco anos que iria ser o protagonista com Kristen Wiig de uma versão em inglês da comédia negra alemã “Toni Erdmann”, tem resistido às propostas para regressar, usufruindo da fortuna, dos jogos dos Lakers, de amigos leais como Sean Penn ou Warren Beatty, e de uma das maiores coleções privadas de arte do século XX e contemporânea.
Sem medo de envelhecer no ecrã, foi dando cada vez menos entrevistas de fundo e, ao contrário de praticamente todos os seus pares, não desgastou a sua personalidade “bigger than life” no circuito dos talk-shows da TV americana. Sabiamente, também nunca anunciou a reforma: em 2013, no mesmo ano em que surgiram rumores de que tinha dificuldades em memorizar os argumentos, disse à revista Vanity Fair que simplesmente não tinha tanta vontade em “aparecer”…
Apesar de muitas polémicas da sua vida privada se terem tornado desastrosas revelações públicas, nunca perdeu popularidade junto do público, preservando o estatuto ao mais alto nível em Hollywood desde o seu primeiro sucesso em “Easy Rider” até ao último filme. Colocando esse estrelato ao serviço das mais diversas histórias e talentosos realizadores, construiu uma das carreiras mais memoráveis da história do cinema americano.
A noite em que Jack Nicholson ofereceu cocaína à princesa Margarida
A história consta de um novo livro que relata uma festa em 1979, durante a qual o actor terá oferecido droga à irmã da Rainha Isabel II de Inglaterra. Ao que parece, a princesa recusou a oferta.
A irmã da Rainha Isabel II de Inglaterra, a princesa Margarida, sempre foi a mais rebelde do duo, começa por escrever o espanhol ABC. Longe de obrigações reais, entregou-se aos prazeres que marcaram as décadas de 1960 e 1970 e chegou mesmo a casar-se com um plebeu de nome Anthony Armstrong-Jones (de quem viria, mais tarde, a divorciar-se). Agora, um novo livro — Can I Go Now? The Life of Sue Mengers, Hollywood’s First Superagent — oferece mais detalhes da vida da princesa, incluindo a história que dá conta da noite em que o actor Jack Nicholson ofereceu-lhe cocaína.
Nicholson é a celebridade de Hollywood que é quase como um personagem de algum romance em andamento de nossos tempos. Ele também é a estrela mais amada – nem mesmo sua enorme riqueza, seu envelhecimento imprudente e os desastres públicos de sua vida privada podem prejudicar isso … nos vemos.
— David Thomson , crítico de cinema.
Nicholson é um colecionador de pinturas do século XX e contemporâneas, incluindo o trabalho de Henri Matisse , Tamara de Lempicka , Andy Warhol e Jack Vettriano . Em 1995, o artista Ed Ruscha foi citado dizendo que Nicholson tem “uma das melhores coleções aqui”.
Ideologia política
Nicholson descreveu-se como um ” democrata irlandês ao longo da vida “, embora tenha mencionado que apoia todos os presidentes. Em 2020, Nicholson apoiou Bernie Sanders para presidente.
Embora seja pessoalmente contra o aborto , ele é pró-escolha . disse: “Sou pró-escolha, mas contra o aborto porque sou um filho ilegítimo, e seria hipócrita tomar qualquer outra posição. Eu estaria morto. Eu não existiria”. Também disse que não tem “nada além de total admiração, gratidão e respeito pela força das mulheres que tomaram a decisão que tomaram no meu caso individual”.
Visões religiosas
Durante uma entrevista da Vanity Fair em 1992 , Nicholson declarou: “Eu não acredito em Deus agora. Ainda posso invejar alguém que tem fé. Posso ver como isso pode ser uma experiência profundamente reconfortante”.
“Os papéis famosos de Nicholson não terminam de forma positiva. Não temos uma história do tipo ‘felizes para sempre’ com os papéis mais importantes e famosos. Randall McMurphy em “Voando Sobre um Ninho de Cucos”, “O Iluminado” com Jack Torrance, este filme, “Chinatown” com o personagem JJ Gittes, não dançam alegremente na tela. Eles têm muitas dificuldades e perigos acontecer com eles, mas nós lembramos-nos . É perfeito para esse tipo de coisas porque não se parece com aquele típico protagonista. Parece alguém que poderia ser colocado numa situação difícil. De alguma forma lida com a capacidade de estar nesses papéis e parecer convincente e atrair”, disse Scott Edwards.
Sem comentários:
Enviar um comentário