1946 18ª edição 7 de Março “Farrapo Humano”

 

1946 18ª edição 7 de Março “Farrapo Humano”

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Há uma cena particularmente brilhante em Farrapo Humano, na qual a câmera segue em direção ao interior de um copo, como se levasse o espectador ao fundo de um poço ou para um abismo, simbolizando assim a jornada que será testemunhada a partir dali (isso sem mencionar o formato circular da borda do copo, que transmite a ideia de um ciclo vicioso). Pois o que se vê depois é a decadência do protagonista rumo a um caminho de autodestruição e degradação constante.

O alcoolismo é uma doença séria que atinge milhões de pessoas pelo planeta, independentemente de género, cor, idade ou classe social. No Relatório Global sobre Álcool e Saúde de 2018, a OMS divulgou que o uso nocivo do álcool esteve envolvido em aproximadamente 5% das mortes no mundo e ressaltou a importância de governos tratarem o assunto como prioridade, estabelecendo políticas de prevenção e redução. Pois bem: enquanto forma de Arte que reflete o mundo e suas questões contemporâneas, o Cinema já abordou o assunto em diversas ocasiões, sendo talvez Despedida em Las Vegas o exemplar mais conhecido. No entanto, em 1945, Billy Wilder apresentou Farrapo Humano, retrato angustiante e visceral – e ainda assim uma narrativa fascinante – sobre o vício e suas consequências.

Farrapo Humano

O longa metragem segue a vida de Don Birmam (Ray Milland), alcoólatra que está prestes a passar alguns dias de retiro e recuperação numa herdade na companhia do irmão Wick (Phillip Terry). Frustrando Wick e a própria namorada, Helen (Jane Wyman), Don abandona a viagem em cima da hora, embarcando em vez disso numa recaída que pode custar-lhe muito caro, vivendo o fim de semana perdido do título original.

Cineasta dotado de uma carreira versátil, o realizadorr Billy Wilder soube transitar com maestria entre a comédia romântica (Se Meu Apartamento Falasse), o filme noir (Pacto de Sangue) e o drama (Crepúsculo dos Deuses), e aqui oferece várias provas de seu imenso talento. Para sugerir, por exemplo, como Don está há muito tempo no bar, em vez de escolher uma fala expositiva, prefere mostrar a quantidade de marcas que o copo já deixou na mesa, com vários círculos molhados, indicando que muito tempo já se passou. Mais adiante, enquanto o sujeito anda aflito pelas ruas em busca de uma bebida, é mostrada uma placa de trânsito com a inscrição “One way” (“mão única”, mas que também pode ser entendida como “só um caminho”). São detalhes como esses, que dizem muito sem que nada seja falado, que denotam a genialidade de Wilder. Não à toa, faturou o Oscar de Melhor Direção.

Farrapo Humano

O roteiro, escrito pelo realizador junto com Charles Brakett e baseado no livro homónimo de Charles R. Jackson, é, como hábito na filmografia de Wilder, primoroso, tendo em vista o cuidado tomado para manter o universo do alcoolismo verossímil. Desse modo, a narrativa acerta quando mostra Don pedindo que sequer façam referências a líquidos na sua frente (mesmo que seja água ou leite), pois isso pode estimular uma recaída. Igualmente, a obra retrata bem como o gatilho para uma bebedeira pode ser ativado numa pessoa tanto em momentos de nervosismo, ao ouvir pessoas falando mal dela, quanto em situações mais banais, ao ver personagens brindando numa ópera. Isso sem contar os excelentes diálogos: “Não preciso realmente beber, só preciso saber que a garrafa está por perto”; “A bebida de noite é aperitivo e de dia é remédio”. Não à toa, faturou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.

Já a composição de Ray Milland é fundamental para o sucesso do projeto. Isso  traduz-se, por exemplo, na maneira intensa como Don olha para as garrafas, não importando se esse olhar está manifestando dor ou alegria. Ou no modo como sua mão treme ao aproximar-se do copo. Ou na distração refletida no ato constante de levar o cigarro à boca ao contrário. Acostumado a interpretar galãs e tipos sofisticados, soube aproveitar a oportunidade de criar um personagem icónico. Não à toa, faturou o Oscar de Melhor Ator.

O filme ainda emprega uma eficiente rima visual com a imagem de uma garrafa pendurada por uma corda para fora de uma janela. Se no início do filme isso serve para mostrar como o apartamento de Don é anormal em relação aos de seus vizinhos, com vasos de plantas pontuando a paisagem de Nova Iorque, no final serve como uma metáfora de sua própria vida. Uma vida que era capaz de encontrar a garrafa literalmente na luz. Parece desnecessário dizer, mas, não à toa, faturou o Oscar de Melhor Filme.

The Lost Weekend

The Lost Weekend

The Lost Weekend

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Farrapo Humano

Farrapo Humano

The Lost Weekend é um filme americano de 1945 (drama) realizado por Billy Wilder com Ray Milland e Jane Wyman . O filme foi baseado em Charles R. Jackson ‘s 1944 romance de mesmo título sobre um escritor alcoólico. Foi indicado para sete Oscars e ganhou quatro: Melhor Filme , Melhor Realizador , Melhor Actor e Melhor Roteiro (Roteiro Adaptado) .

Elenco

Ray Milland como Don Birnam
Jane Wyman como Helen St. James
Phillip Terry como Wick Birnam
Howard Da Silva como Nat
Doris Dowling como Gloria
Frank Faylen como ‘Bim’ Nolan
Mary Young como a Sra Deveridge
Anita Sharp-Bolster como Mrs. Foley
Lilian Fontaine como Mrs. St. James
Frank Orth como Opera atendente sala de capa
Lewis L. Russell como o Sr. St. James

Farrapo Humano

Director Billy Wilder and Screenwriter Charles Brackett review the script on the set of The Lost Weekend

Ray Milland in The Lost Weekend, 1945

Ray Milland photographed for The Lost Weekend (1945)

Ray Milland

The Lost Weekend (1945) Shown from left: Ray Milland (as Don Birnam), Frank Faylen (as ‘Bim’ Nolan, Male Nurse)

Imagens e textos (tradução automática), colhidos da internet

Sem comentários:

Enviar um comentário