1967 39ª edição 10 de Abril “Um Homem Para a Eternidade”

 

1967 39ª edição 10 de Abril “Um Homem Para a Eternidade”

A Man for All Seasons

Orson Welles

A Man for All Seasons

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A Man for All Seasons

Fred Zinnemann (29 April 1907 – 14 March 1997) holding his Best Picture and Best Director Oscars for A Man for All Seasons (1966)

Realizado e produzido por Fred Zinnemann, “A Man For All Seasons”  é mais um épico que aborda o tema referente ao grande problema enfrentado pelo rei Henrique VIII na tentativa de arrumar meios que viabilizem divorciar-se de Catarina de Aragão para se casar com a amada Ana Bolena. Porém, diferentemente de outros, este não é um filme que trata exactamente da vida do monarca Inglês ou das suas esposas. Mas uma magnífica produção vencedora de 6 Oscars sobre a jornada de Sir Thomas More, o célebre autor de Utopia, que se envolve numa situação perigosa na medida em que não aceitava pronunciar-se a respeito das decisões tomadas pelo soberano para conseguir o que queria e, desse modo, colocando-se em grave perigo.

Interpretado por Poul Scofield, o advogado Thomas More, logo na primeira cena, é vislumbrado com uma intimação do cardeal Wolsey (Orson Welles) para que compareça à sua presença e explique o porquê da posição contra a política cardinalícia em prol da dissolução do casamento do rei. Expondo que os métodos de Wolsey eram equivocados, Sir Thomas contra argumenta que a única entidade capaz de garantir o sucesso desta referida empreitada, seria ninguém menos que o Papa. Tem-se então, de acordo com a descrição desse conflituoso encontro, uma ideia prévia do que o expectador pode esperar do comportamen- to de Thomas More, um pensador confiante nos seus argumentos, nitidamente bem incorporado por Scofield, que até o fim da trama consegue sem o menor problema manter o magnetismo intelectual e a imparcialidade do personagem.

Após a desafiadora conversa com o chanceler e ter que ouvir os pedidos das pessoas que imploravam pela sua ajuda num julgamento justo, Thomas retorna para sua casa em Chelsea desejoso para encontrar-se com a mulher e a filha, mas ao chegar é surpreendido por um jovem admirador. Seu nome é Richard Rich (Jonh Hurt), que anseia por ocupar um cargo ao lado de seu mestre. A presença de Richard é de fundamental importância no desenrolar dos factos, pois no primeiro momento sempre o vemos ao lado de Sir Thomas como um fiel aprendiz e depois na pele de um espião que corroborou para a ruína do seu instrutor. Jonh Hurt soube muito bem lidar com as duas fases da personalidade de Rich, ora amigo, ora covarde e oportunista. Destarte, o mesmo se aplica a Nigel Davenport, responsável por dar vida ao duque de Norfolk.

A relação de Sir Thomas com a família, especialmente para com a esposa e filha (interpretadas por Wendy Hiller e Susannah York, respectivamente) é um dos pontos mais interessantes do filme. A priori, o que chama atenção nas duas é a caracterização superficial, com seu figurino rebuscado e digno de admiração. Os trajes masculinos também se mostram fieis à moda da época, mas os vestidos, capelos e demais adereços ganham destaque em quaisquer cenas em que apareçam. Outro requesito primordial configura-se na postura dos personagens. É um encanto, por exemplo, observar a inteligência e submissão da jovem Margaret e a imponência da mãe, Lady Alice. É cómica a passagem à qual Sir Thomas surpreende o encontro secreto da filha com o luterano William Roper (Corin Redgrave) e a forma como ela usa a astúcia para não causar desgosto ao pai.

Enquanto isso, o cardeal Wolsey, não consegue o que o rei queria, e é destituído de seu cargo. Tornara-se um homem demasiado velho e doente, que se lamen- tava por não ter servido a Deus como serviu o rei, do contrário não estaria a morrer em deploráveis condições. Quanto a essa parte, é necessário mencionar a forma como as cenas avançam quase que sem espaçamento e explicação, pois num instante vemos o cardeal pleno de poderes e em seguida, desgraçado e à beira da morte. Isso não ocorre apenas nessa cena, mas em várias outras. Uma vez que Wolsey morre, o posto de chanceler da Inglaterra foi então ocupado por Sir Thomas, que apesar de tentar evitar o envolvimento na questão do divórcio, viu-se persuadido pelo rei a tomar o partido dele numa visita à sua casa. Essa passagem faz uma importante revelação do carácter de More, visto que ele não mudou de opinião contraditória ao caso só porque estava diante da presença do monarca.

Por falar em Henrique VIII, fora Robert Shaw o responsável por transcender a elegância do rei inglês às telas. O mais notável na actuação é maneira como ele conseguiu mostrar as variações de humor de Henrique, porém sua presença não é uma das mais estimulantes. Em muitas das cenas, Shaw demonstra certo desconforto ao dramatizar, o que acabou por comprometer o desempenho. Outra que passa quase despercebida é Ana Bolena (Vanessa Redgrave), que faz uma breve aparição na cena da festa do casamento. Dessa forma, não foi surpresa alguma Vanessa recusar-se a receber cachet sob alegações de que participar no filme pra ela, fora apenas uma distracção. Após o soberano ter se casado contra as leis da Igreja e rompido com a autoridade papal, Sir Thomas vê-se na obrigação de renunciar seu posto e todos os benefícios que porventura viera a conseguir com o cargo.

A partir daí, os problemas para o ex-chanceler começam a aparecer: Thomas Cromwell (Leo McKern), outrora secretário do cardeal Wolsey, fora eleito para o lugar que More ocupava e estava destinado a encontrar qualquer prova que incriminasse o escritor. Para isso, subornou Richard Rich, atraindo-o para o seu lado. McKern, sem dúvida, é um dos melhores actores deste presente filme. Mostrou com perfeição a mente sagaz e o instinto destrutivo e conspiratório de Cromwell, que não conseguiu reunir provas incriminatórias contra More. Porém, o regozijo atingiu o ápice quando Thomas se recusou a prestar juramento ao acto de supremacia. O silêncio dele chegou ao conhecimento de toda Europa. A melhor explicação para sua mudez provavelmente fundamenta-se no quão a política religiosa de Henrique ia de encontro com a ideologia de Thomas More, claramente expressa em Utopia.

Infelizmente, o silêncio do erudito foi usado contra sua própria pessoa. Preso sob acusações de alta traição e afastado da família, Sir Thomas encontrou na leitura e na escrita um conforto para o trepidante estado. A nível de curiosidade, foi durante esse período em que escreveu outro livro de destaque, um diálogo filosófico sobre o sofrimento e como suportá-lo. Ao tomar conhecimento da referida produção, Cromwell tirou-lhe os livros e os papéis para que ele, diante de tal agonia, prestasse o juramento, uma vez que Henrique se recusava a permitir que o torturassem. Todavia, isso não foi o bastante para forçar Thomas a fazê-lo, nem mesmo o apelo da família adiantou. Quando a filha Margaret perguntou-lhe o porquê da recusa, ele respondeu: “… O que é o juramento então, se não palavras que dizemos a Deus?”. Foi com essa convicção que ele enfrentou um tribunal e defendeu-se com bravura das acusações caluniosas feitas por Cromwell. Mas, para desagrado próprio, fora injustamente condenado à morte simplesmente porque se recusou a prometer fidelidade a uma lei que beneficiava os interesses individuais do rei e não de seu povo.

“Morro sendo um súbdito fiel do rei, mas Deus vem em primeiro lugar”. Foi com essas palavras que Sir Thomas partira para a imortalidade histórica, para ser beatificado pelo Papa Leão XIII e canonizado em 1935. É com base nesta citação que a obra tem seu desfecho, com uma importante lição de moral sofre fé e determinação.

“Um filme belíssimo, um elenco bem preparado e uma história apaixonante”, é assim que melhor se classifica “A Man For All Seasons”, cujo roteiro fora escrito por Robert Bolt. Curiosamente, o actor escalado para interpretar o personagem principal foi Richard Burton, que três anos mais tarde viveria Henrique VIII em “Anne Of The Thousand Days”. Sendo assim, parece que a escolha de Poul Scofield fora óptima, já que ganhou o Oscar de melhor actor. Além disso, a obra também facturaria cinco prémios BAFTA e até hoje marca presença na lista dos 100 melhores filmes britânicos, ocupando a posição 43. Mas, acima de tudo, a longa-metragem é um tributo ao martírio de Sir Thomas More, que, segundo Alison Weir (autora de Henry VIII: The King and His Court e The Lady in The Tower), é “um personagem complexo e contrastante”, digno de eterna admiração.

Artigo escrito por Renato Drummond.   

A Man for All Seasons

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“A Man for All Seasons” won the Oscar® for Best Picture of 1966. Fred Zinnemann, shown here with actress Susannah York, was named Best Director for his work on the film, which received eight Academy Award® nominations and six awards. Restored by Nick & jane for Dr. Macro’s High Quality Movie Scans Website: http:www.doctormacro.com. Enjoy!

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Imagens e textos (tradução automática), colhidos da internet

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